Moradores de cratera em São Paulo podem ter que deixar suas casas
Cerca de 800 moradores de São Paulo podem ter que se mudar. Eles vivem dentro de uma cratera. O lugar é também um museu a céu aberto, onde estão registrados eventos dramáticos de um passado muito distante do nosso planeta. E onde também ficaram marcados os problemas de uma moradia de uma cidade como São Paulo. Dentro dessa cratera se formou um bairro a mais de 40 quilômetros do Centro da capital.
Morar dentro de uma cratera tem seus problemas. Quem viver no local conta que a parte mais baixa inunda. A cratera é ocupada por mais de 30 mil pessoas. Moradores do bairro que se formou há cerca de 30 anos.
A paisagem do lugar já estava pronta. A Serra do Mar estava formada, os dinossauros já não existiam há milhões de anos e os homens nem sonhavam em habitar esta terra. Foi nesse cenário mais ou menos dois milhões de anos atrás caiu um meteoro e abriu uma cratera com 3,5 quilômetros de diâmetro.
“No momento do impacto esse material se destrói completamente. A energia liberada é tanta que ele pulveriza ou vira vapor. Essa energia é transferida para a rocha que é o que abre essa grande cratera e destrói as rochas locais. Primeiro se forma a cavidade e por ser uma região subtropical, com bastante água, provavelmente a chuva encheu e fez um lago”, explica o geólogo Álvaro Penteado Crósta.
Com o tempo o lago foi sendo aterrado pelos sedimentos e pela erosão. A cratera foi tombada pelo patrimônio histórico e é um monumento geológico. O geólogo se prepara para descobrir como era o clima neste lugar dois milhões de anos atrás. Para isso será preciso realizar perfurações de até 400 metros de profundidade.
Os moradores estão envolvidos em uma luta para continuar a morar na cratera Eles sabem que a prefeitura tem um projeto para retirar cerca de 800 famílias da área.
“Alguns dizem que é por conta de um lençol freático, que nós estamos em cima de um manancial, mas outros que é mais por uma questão turística, porque a região está se transformando em um pólo turístico e um dos projetos é transformar a cratera em um museu a céu aberto”, diz a moradora Elizandra Fonseca.