Moradores de Parelheiros interrompem aula de Haddad para exigir ônibus
"Sem qualquer serviço de transporte, hoje moradores da Barragem, Marsilac, Bosque do Sol e Juza são forçados a percorrer quilômetros a pé para pegar ônibus diariamente", diz o grupo. "Até o momento, a única resposta do poder público à reivindicação das comunidades tem sido a enrolação sistemática", reclamam os invasores.
"De reunião, a gente está de saco cheio", diz um dos manifestantes em vídeo gravado no momento da intervenção na classe. O prefeito, então, questiona o tom de voz do rapaz.
Os ânimos, nesse momento, se exaltam e uma manifestante começa a discutir uma das alunas de pós-graduação. "Prefeito, ela está ironizando a nossa luta", grita.
Haddad, em seguida, se retira da sala de aula para conversar com os manifestantes. A discussão continua: "Você é mal educada, não se mete nas coisas não, você é 'baba-ovo' de prefeito", desabafa a mulher, apontando para a estudante.
Doutor em Filosofia, Haddad dá aulas sobre Economia Política da Cidade em uma pós-graduação das Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP).
O movimento
Em entrevista ao Portal Jovem Pan, Vinícius Faustino, um dos líderes do movimento que se recusa a ser chamado como tal ("somos um movimento 'horizontal'"), explica que a Luta do Transporte no Extremo Sul existe há dois anos.
Ele afirmou que o prefeito se comprometeu a marcar reunião para discutir a pauta solicitada em uma das seguintes datas: 16 de maio ou 23 de maio, ambos sábados. O grupo quer que estejam presentes, além de Haddad, o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, o subprefeito de Parelheiros Nilton Oliveira, além de representantes da pasta municipal de Verde e Meio Ambiente e da SPTrans.
Vinícius negou que o grupo tenha alguma filiação partidária e disse que o movimento é "de base". Faustino assumiu, no entanto, que a frente de luta de transporte de que faz parte recebe apoio do Movimento Passe Livre (MPL).
Faustino confirmou ainda que o objetivo do ato foi alcançado (comprometimento verbal de Haddad, gravado em vídeo) e disse que o prefeito voltou à aula depois da confusão.
Ele garantiu também que "a maioria dos alunos (presentes no momento da interrupção da aula)concordou com a pauta" proposta. "Uma pequena minoria", porém, começou a "ironizar" e "menosprezar" os moradores da zona sul presentes no ato. Segundo Vinícius, estes estudantes acusaram o movimento de "atrapalhar a aula" e de serem partidarizados.
Faustino disse ainda que o grupo já se reuniu diversas vezes com equipes técnicas da Prefeitura, mas que "não tinham poder de decisão" para implementar as linhas desejadas. "Faltou vontade política", argumentou o manifestante ao justificar a interrupção da aula.
Aula da Extremo Sul: cadê o ônibus? from Passa Palavra on Vimeo.Vinícius Faustino, que é morador da região de Parelheiros, relatou que a falta de ônibus nos locais desejados gera "insegurança" e impossibilita que pessoas trabalhem mais longe de casa. "Os moradores têm que passar por estradas de ferro, no meio do mato", disse. As linhas de ônibus reivindicadas pelo grupo são:
- Pq. Oriente (via Est. do Juza e Bosque do Sol) – Terminal Varginha
- Circular Barragem (Jd. Paulista – Cid. Luz – Jd. Sto. Antônio)
- Barragem – Curucutu (via Jd. Vera Cruz)
- Mambu/Paiol (via Ponte Seca) – Terminal Parelheiros
- Est. da Reserva (via Ponte Alta) – Embura
Ações alternativas
O grupo também informou ao site da Pan: "Nos dias 13, 14 e 15 iremos fazer um evento de linha popular em cada bairro do extremo sul em luta pelo 'busão'. Será um dia inteiro com um ônibus rodando (de acordo com o trajeto que reivindicamos em cada bairro) com tarifa zero. Essa ação será fruto de arrecadações entre os moradores, rifas e bingos para fretar o ônibus nesse período".
Outro lado
O prefeito Fernando Haddad falou exclusivamente à Rádio Jovem Pan e confirmou que se comprometeu a se reunir com o grupo. Ele minimizou o nervosismo no momento da invasão da aula. "Foi um momento tenso que terminou bem", disse. Ouça e veja mais detalhes aqui.